
Bom dia!
Hoje vim falar de uma coisa diferente.
Vou apresentar Flavia a vocês.
Flavia é uma menina linda, de 20 anos.
Vaidosa, suas unhas sempre estão bem cuidadas, seus cabelos bem arrumados, suas roupas combinadas, brincos, presilhas do cabelo, tudo.
Como todas as moças de sua idade, Flavia também gosta de música. Seu repertório é seleto.
Flavia tem amigos de todos os cantos do Brasil, e também do mundo.
Só há um pequeno detalhe.
Flavia não se mexe, não fala, não anda.
FLAVIA ESTÁ EM COMA VIGIL, HÁ DEZ ANOS.
Em 6 de janeiro de 1998, Flavia sofreu um grave acidente. Aos dez aninhos de idade, brincando na piscina do prédio, seus cabelos foram sugados por um ralo mal dimensionado e mal fiscalizado.
Desde então, ela está em coma vigil. Esse estado se caracteriza por poder abrir os olhos durante o dia e fechá-los para dormir, e ter as funções orgânicas preservadas. Ela se alimenta por sonda, reage a estímulos visuais e auditivos, mas não consegue interagir.
Neurologicamente, seu quadro é estável. Porém, é irreversível.
Sua mãe, Odele, é quem cuida dela. Ela tem
este blog aqui , no qual conta um pouco da vida de Flavia, dos cuidados que ela precisa e, principalmente, alerta outras pessoas para o perigo com os ralos de piscinas inadequados ao uso.
O processo que Odele move contra os fabricantes do ralo (que venderam um equipamento inadequado para a piscina em si) e contra o condomínio em que elas moravam na época (responsável pela manutenção da piscina), está hoje em Brasília. Faz dez anos que Flavia espera por uma decisão da justiça. Logicamente, o processo não irá trazer a Flavia o uso de suas capacidades, nem os dez anos perdidos. Mas sua condição inspira cuidados especiais, leia-se não só equipamentos especiais e enfermeira, como também a presença constante da mãe Odele, que não consegue trabalhar. Uma indenização justa se torna necessária, para garantir que Flavia possa levar uma vida "digna".
Flavia perdeu uma linda parte de sua vida. Foi impedida de viver muitas das etapas pelas quais passa toda menina, até se tornar mulher. Pense em tudo que você fez, dos dez aos vinte anos, e você terá uma idéia do que estou falando.
É por isso que blogamos hoje, eu e mais duzentas e setenta e tantas pessoas. Para que nossas vozes e nossas palavras, unidas, sejam o grito que Flavia não pode emitir!